Paisagem regenerativa do Cerrado Mineiro – Parte 3
- Consorcio Cerrado das Águas
- 5 de set.
- 7 min de leitura
Setor público e privado unidos pela sustentabilidade e resiliência hídrica

Parceria entre setor público e privado fortalece sustentabilidade e resiliência hídrica
O terceiro corte do evento Paisagem Regenerativa do Cerrado Mineiro destacou a integração entre produtores, empresas e representantes do poder público. O momento reuniu falas de Polliana Dias (CCA), Marcelo Urtado (presidente do CCA), Daniel Petter (Ministério do Meio Ambiente) e Fabiane Sebaio (secretária executiva do CCA), reforçando o papel das parcerias na construção de paisagens produtivas e sustentáveis.
Palestrantes:
Polliana Dias – Assessora de Comunicação do CCA
Marcelo Urtado – Presidente do CCA
Daniel Petter – Diretor no Departamento de Políticas de Gestão Ambiental Rural (MMA)
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva do CCA
Durante as falas, foram destacados pontos como:
A importância da colaboração entre setor público e privado para ampliar a agricultura regenerativa
O papel do Sebrae e das empresas associadas no engajamento de produtores
A ênfase do Ministério do Meio Ambiente na água como recurso estratégico da produção rural
A regularização ambiental como caminho para crédito e novos mercados internacionais
A missão do CCA em construir resiliência hídrica no Cerrado Mineiro
As falas mostraram que a transição para modelos produtivos sustentáveis depende da confiança mútua e da ação coletiva entre produtores, empresas e governo.
Assista ao vídeo no YouTube.
Acompanhe também a transcrição completa da aula e conheça os detalhes dessa iniciativa colaborativa.
Transcrição
POLLIANA DIAS:
E, quebrando um pouco o protocolo, o presidente vai voltar aqui para dar uma palavrinha para vocês.
MARCELO URTADO:
É rapidinho, gente. Só queria agradecer muito o CPF pelo apoio a esse evento. O Sebrae foi fundamental e, como a gente não faz nada sozinho, o Sebrae é um parceiro nosso e tem uma ação muito forte na região do Cerrado Mineiro.
Quando a gente fala do Educampo, são números e os produtores confiam muito. E, quando eles conseguem validar o nosso trabalho, você começa a aumentar o engajamento demais com os outros produtores. Então, ninguém faz nada sozinho. Eu quero agradecer ao Sebrae, que sem o Sebrae a gente não chegaria onde nós estamos e sem os associados também.
E, especialmente hoje, eu quero agradecer a presença do Mario Dallavats. Ele veio da Itália aqui para o evento. Ele tem um engajamento muito grande no Consórcio Cerrado das Águas e o Felipe também representando a Starbucks. Entrou há pouco tempo e está tendo uma ação muito forte.
E os demais representantes, a Natália está aqui também representando a Cooxupé. Então, obrigado a todos.
POLLIANA DIAS:
Ouviremos agora a palavra do representante do Poder Público, Daniel Petter Beniamino, diretor do Departamento de Políticas de Gestão Ambiental Rural do Ministério do Meio Ambiente. Seja bem-vindo.
DANIEL PETTER:
Então, bom dia a todos. Daniel Petter, estou o diretor do Departamento de Políticas de Gestão Ambiental Rural do Ministério do Meio Ambiente. A Secretaria é a Secretaria de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável.
Tivemos a grata satisfação de, em alguns diálogos, conhecer o consórcio do Ministério do Meio Ambiente, que é o que a gente está fazendo. Tivemos a grata satisfação de, em alguns diálogos, conhecer o conselheiro do consórcio, o Michel, que colocou o Ministério em contato com essa importante estratégia de pensar a paisagem rural.
E, nisso, a gente teve a oportunidade de apresentar um programa que estamos construindo em conjunto também com outros ministérios, o Ministério da Agricultura, a Silvia está aqui presente pelo Ministério, e também outros atores, Ministério da Infraestrutura e Desenvolvimento Regional, Ministério do Desenvolvimento Agrário, todos atores que fazem com que a gente consiga olhar de modo integrado e com todas as perspectivas que o meio rural nos dá.
No caso específico do MIDR, a gente tem a Agência Nacional de Águas. E um dos pontos iniciais que fizeram com que a gente começasse a proposta desse programa era também sobre a perspectiva da água no meio rural.
Então, como que a gente consegue garantir com que a gente avance na produção rural, que o setor do agronegócio consiga continuar fortalecido, mas garantindo a sustentabilidade dos sistemas produtivos? E um dos elementos básicos para nós é a água. A gente consegue substituir, de repente, um insumo agrícola por um outro, a gente consegue substituir uma técnica por outra, mas a água não tem para onde fugir. A água é só ela que a gente tem como elemento para os nossos sistemas produtivos.
E vendo dentre esses vários atores, a gente vê o quanto que o programa tem a fortalecer, como que a gente pode construir essa sintonia cada vez maior do setor privado com o setor público. Na construção do programa gestar, por exemplo, nós visualizávamos muito a necessidade de constituir comitês locais por bacias hidrográficas, microbacias, que pudesse facilitar a integração entre vários produtores.
Nesse diálogo com o consórcio, vislumbramos que é possível também construir essa mesma estratégia, mas por setores produtivos, e nesse caso específico o café, com atores muito importantes. E aí eu queria parabenizar aqui o presidente, parabenizar por toda essa iniciativa e dizer que, de fato, o Ministério do Meio Ambiente acredita nesse tipo de produção, nesse tipo, nesse modelo de sistema produtivo que valoriza também o produtor no onde ele está, visualizar que ele precisa garantir a sua renda, mas garantir também a qualidade de vida dele.
E a qualidade de vida do produtor passa pela água, porque ele querendo ou não também tem outros pequenos sistemas produtivos, ele tem a necessidade de integração com os mercados ali na região e ele pensa essa integração dessa produção dele com o seu outro produtor e assim vai passando também a proposta que se constrói da sustentabilidade.
E aqui também eu vejo a Natália da Cooxupé, eu participei do evento da integração que a OCB fez e eu tive a oportunidade de escutá-la falando de todo o estudo de ESG e a gente vê como é importante potencializar e dar instrumentos aos produtores para que eles também consigam abrir novos mercados, principalmente com os processos de certificação, demonstrando que ele tem um compromisso também com a sustentabilidade, então isso faz com que ele consiga atingir, de repente, o mercado do Japão, atingir o mercado da Europa ou outros mercados que ainda não alcançou, fruto desse compromisso.
Mas eu acho que um benefício que eu vislumbro ainda anterior, que mostro também um pouco no vídeo e também nas falas, que é essa integração entre os vários atores. A natureza é isso, a natureza é a integração. A água está integrada com a floresta, a água está integrada com os outros seres vivos ali daquele meio ambiente e a gente precisa também, como parte dela, atuar em consonância com esse sistema. E aí a gente, com toda a nossa capacidade de garantir essa sustentabilidade. E isso faz com que a gente consiga avançar em outras possibilidades.
No caso específico do programa Gestar, que é esse programa de gestão ambiental e socioprodutiva de paisagens escurais que está em processo de finalização e em vias de apresentarmos uma proposta mesmo de decreto para o nosso gabinete da ministra, no caso, e avançarmos nessa proposta com os outros ministérios atores, viabilizam também a possibilidade de a gente conseguir, nos territórios, nos estados, viabilizarmos a regularização ambiental também dos produtores.
Quais são os passos que o programa pode facilitar para que a regularização ambiental esteja finalizada daquele produtor? E, depois, também, quais são as outras medidas necessárias, de repente, para um passivo que a gente pode construir junto? Quais são as possibilidades que a gente pode construir para que aquele produtor avance cada vez mais na sustentabilidade da sua propriedade e se integre ainda melhor naquele território, naquele território que ele está, e com os outros produtores? Porque, acho que essa sacada, vou dizer, de trabalhar em conjunto não é uma coisa atual, não é uma coisa nova. O ser humano sempre trabalhou em vários processos produtivos e, aí, aqui, a Cooxupé é uma das que pode trabalhar bastante esse argumento muito melhor do que eu nesse momento.
Mas de demonstrar que a gente consegue avançar também depois do processo de regularização, o comprometimento conjunto naquele território e que avança para a possibilidade de acesso a crédito num plano safra, porque a gente está com a regularização ambiental garantida, a gente consegue avançar em novos mercados e eu acho que essa é uma grande possibilidade, sem contar em novas parcerias, novas parcerias com outras empresas, novas parcerias também dentro do próprio Estado, fortalecendo empresas estatais como a Companhia de Águas e outros que podem fortalecer também a construção de um sistema produtivo cada vez mais sustentável, saudável e resiliente, principalmente, às mudanças climáticas.
Então, parabenizo a iniciativa, agradeço mais uma vez o convite de estar aqui nesse dia com vocês e espero que todos tenham um ótimo evento.
POLLIANA DIAS:
Muito obrigada, Daniel. Chegou o momento de conhecermos mais sobre o Consórcio Cerrado das Águas e, para isso, eu convido ao palco a secretária executiva do consórcio, Fabiane Sebaio.
FABIANE SEBAIO:
Bom dia a todos. Muito obrigada pela presença de cada um. Queria agradecer especialmente aos nossos apoios, Sebrae, Naiara Marcão. Naiara, cadê ela? Fico o tempo todo ali incomodando ela, mas eles são parceiros desde o início, foram realmente fundamentais para esse processo.
E na pessoa da Ariane, que está ali, da Marina, o apoio do CPF e EB, que agora está apoiando também um projeto do consórcio com mulheres, também envolvendo a questão da paisagem. Vou falar hoje bem breve, acho que vocês já viram muito sobre o consórcio, mas o consórcio é uma instituição fundada para construir realmente paisagens produtivas e sustentáveis na região do Cerrado Mineiro. Ele surgiu por causa desse estudo do professor Eduardo Assade, que contava lá em 2004 que o café iria desaparecer da região se nada fosse feito.
A partir desse estudo, então, um outro estudo foi conduzido pela Nespresso em 2010, eu acho, se eu não tenho enganada, e ficou muito claro com esses dois estudos, que a água seria o nosso maior desafio. Sem água não tem produção. Sem água não tem produção de café e sem água não tem qualquer produção. Aliás, não tem a gente nem no centro urbano. Então, nosso objetivo ali é construir resiliência climática.
Em 2019, então, surge o Consórcio Cerrado das Águas. Começou o consórcio com quatro empresas fundadoras e depois as outras foram entrando nessa plataforma e também acreditando que é possível ser pré-competitivo, que é possível trabalhar junto, que é possível discutir na mesma mesa e conversar sobre essa questão tão importante para todos.
A iniciativa da Cadeia Produtiva do Café tem como missão construir a resiliência hídrica do Cerrado Mineiro por meio de estratégias que promovam o melhor uso da terra, garantindo a continuidade da produção de café na região e mitigando as mudanças climáticas. E hoje o nosso convite é para que a gente realmente garanta a continuidade da produção do café, mas também das outras produções.









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