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Cafeicultura Sustentável com Cerrado das Águas

Atualizado: 5 de dez. de 2024

Com o suporte do Cerrado das Águas, produtores adotam práticas que promovem cafeicultura sustentável e garantem maior produtividade.




Cafeicultura aliada da água: Com suporte do Cerrado das Águas, produtores adotam práticas para melhor gestão de recursos hídricos e garantir boa produtividade



Transcrição


Locutora Notícias Agrícola:


Você já ouviu falar no conceito de agricultura climaticamente inteligente?


Ele foi criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura em 2010. As práticas têm como objetivo aumentar a produção de forma sustentável e criar resiliência nas áreas de cultivo. Atento às demandas globais por alimentos, mas também às crises climáticas que vêm impactando a produção no Cerrado Mineiro, o Consórcio Cerrado das Águas, aliado a um grupo de parceiros, vem trabalhando junto aos produtores na gestão eficiente dos recursos hídricos e uso sustentável das bacias hidrográficas da região.



Fabiana Sebaio | Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Águas:

O consórcio é uma plataforma colaborativa e como plataforma colaborativa ele tem vários membros da cadeia produtiva do café, que foi quem fundou o consórcio em 2019. Esses membros da cadeia produtiva do café se uniram porque foi realizado um estudo e esse estudo demonstrou que a água seria um grande desafio para os produtores da região. Ou seja, se nada fosse feito para a gente buscar estratégias para solucionar esse problema de escassez hídrica, que a gente não conseguiria produzir café na região a médio e curto prazo.


Então esses membros se uniram e a partir daí surge o Consórcio Cerrado das Águas e com o Consórcio Cerrado das Águas surge o Programa de Investimento no Produtor Consciente, que é uma metodologia própria onde nós conseguimos avançar na região do Cerrado Mineiro, nas bacias hidrográficas que nós trabalhamos, implementando estratégias para melhorar a qualidade do solo, para melhorar a qualidade da água e para trazer também mais qualidade para a vegetação nativa.


Foi um processo inicial em 2019, na realidade o consórcio desde 2014 que ele existe. Teve uma discussão muito longa entre esses membros da cadeia produtiva, outros atores como prefeitura, órgão do departamento de água e esgoto, matéria. Então, enfim, outros atores se envolveram nesse processo para tentar entender o que poderia ser feito para a região.


Em 2019, então, nós decidimos que seria o Programa de Investimento no Produtor Consciente. Com a participação dos produtores ficou batido o martelo, ficou entendido que era realmente aquele trabalho de investir no produtor, de ajudar o produtor, de apoiar o produtor.


Então, de 2019 até 2021, nós rodamos essa metodologia. E eu falo que parece que não, mas isso é um grande resultado, porque essa é uma metodologia escalável com ações que nós conseguimos avançar dentro das bacias hidrográficas com maior agilidade e com etapas bem definidas. Então, hoje o consórcio possui quatro etapas de adesão, de diagnóstico, implementação e monitoramento. Então, são etapas bem definidas que nos permitem avançar.


Como resultado, hoje estamos atuando em três bacias hidrográficas. Então, o patrocínio foi o nosso projeto piloto, já atendemos quase 100% dos produtores naquela bacia. Avançamos para a Serra do Salitre, tivemos um crescimento de 53% do ano passado para esse ano, de 2021 para 2022, em Serra do Salitre. E já começamos a entender qual é o nosso cenário em Coromandel.


Além disso, são quase mil hectares com estratégias de agricultura inteligente para o clima implementadas. E quando eu falo isso, eu estou falando de estratégias para as lavouras, para melhorar a qualidade do solo, assim como também estratégias na vegetação nativa. Porque o consórcio atua não só no plantio de árvores, mas no desenvolvimento dessas estratégias, tanto para a área produtiva quanto para a área de vegetação nativa.



Locutora Notícias Agrícola:


Neste sentido, o Programa de Investimento no Produtor Consciente, trabalha em conjunto com esses agricultores nas áreas da bacias do Corrigo Feio, em patrocínio Ribeirão Grande, na Serra do Salitre e Rio Santo Inácio, em Coromandel.


O Notícias Agrícolas visitou o Cerrado Mineiro para conhecer de perto algumas das ações que estão sendo tomadas em áreas de produção de café arábica. Nossa primeira parada foi na região de Serra do Salitre, onde visitamos a fazenda Nossa Senhora dos Remédios, atualmente em fase de transição para a implementação do sistema agroflorestal.


A área tem 40 hectares destinados a cafeicultura, sendo apenas meio hectare destinado para início do plantio de árvores frutíferas e nativas entre as linhas de uma nova lavoura de café.



Natália Peledrini | Produtora de Café


Bom, a gente já tinha uma ideia antes de fazer a agrofloresta aqui, só que a gente não sabia começar, não sabia por onde, que área que a gente ia fazer, como que a gente ia tratar do solo primeiro, que espécies que a gente ia plantar, que consórcio que ia acontecer entre as culturas. E no início eu até falava com o meu pai, pai, vamos fazer agrofloresta. Seu pai não fazia antes toda uma mistura de culturas e tal, ele falava assim, não, não vamos fazer, isso aqui não tem como, vamos deixar só a monocultura mesmo. E é uma preocupação que a gente tem com o tema ecológico.


Quem tem terra, a gente pensa assim hoje, tem que ter uma parte, e uma parte grande, a gente pensa, de reflorestamento, de cuidado com as matas de reserva. Então, aos pouquinhos a gente foi conversando com ele, e aí o projeto chega em 2022, o ano passado, e a gente expõe essa ideia. E eles toparam, porque já era uma prática que eles já estavam organizando, tinham o objetivo de fazer.


E aí, quando chegou, pra você ter ideia, eu estava tirando a terra aqui do solo, cavando mesmo com a cavadeira e fazendo todas as práticas e tal, porque a gente morava em Belo Horizonte, não tinha contato com a terra, e foi incrível ver tudo crescendo agora. A gente fez a primeira roçada ontem.


Quando a gente plantou, dia 27 de janeiro desse ano, a gente fez a cobertura do solo, a primeira. E é muito importante cobrir o solo, porque o solo descoberto parece que tem uma ferida nele.


No início foi difícil, porque você imagina, ele já vinha com práticas da monocultura. Então é tudo muito extenso, tudo muito grande. E aí, quando você faz um pedacinho, que é esse pedaço aqui, de meio hectare, menos um pouco, eu acho que ele pensava assim, mas é tão pequenininha a área, né? E aí ele começou a entender a importância das árvores, as árvores do cerrado, continuar a mata de reserva que está aqui atrás.


E aqui, em outra parte, tem dois hectares e meio. E ele que começou a falar, Natália, a gente vai fazer na outra parte depois. Então assim, ele começou a iniciativa, entendeu?


Eu acho que é viável sim fazer. É lógico que está no início, né? É uma transição. Mas você imagina, vai ter várias culturas aqui. Vai sair a banana, vai sair a laranja, o limão, o café. Então... E pra fazer isso que a gente fez, gente, não foi muito caro. E com a ajuda do projeto também, entendeu? Então, porque é dividido. O produtor dá algumas coisas e o projeto também, então, é uma feitura assim, em comunidade, entendeu?


Todo mundo trabalhando junto. Todo mundo trabalhando junto. Aí a prefeitura veio e contribuiu aqui com o terreno. As mudas, a gente comprou uma parte, o consórcio deu a outra parte. Então é bem dividido. E eu acho que tem como o Cerrado começar a fazer isso. Porque em outras regiões já tem agrofloresta, já está uma coisa avançada. Acho que no Cerrado ainda precisa, sabe? Ter essa força e engajamento, né?



Gabriel Oliveira | Consórcio Cerrado das Águas


Então a gente tem um ano em que as árvores está fazendo esse serviço de ambientação, junto com as culturas de cobertura. E pra depois, já num ambiente melhor, né? Que o café é uma cultura bastante exigente. A gente já ter esse plantio da área com o café.


Ambientação, né? Seria a melhor palavra pra resumir todos os benefícios. O melhor ambiente pra essa planta.



Locutora Notícias Agrícola:


A nossa próxima parada foi na Fazenda Serrinha. Ainda na região de Serra do Salitre.


Nesta área, visitamos uma lavoura com plantio de mix de semente na entrelinha do café. A Fazenda Serrinha conta com 30 hectares, sendo 11 destinados para a cafeicultura de sequeiro.


A prática tem como principal objetivo proteger o solo, promover uma melhor oxigenação da área, aumento da matéria orgânica do solo, aumento dos inimigos naturais, reduzir a erosão do solo, maior retenção da água e maior fixação de carbono.



Aparecida Helena da Silva | Produtora de Café


Então, na verdade, a gente sempre teve esse cuidado com o meio ambiente, por causa do Seu Zé. Seu Zé sempre teve esse cuidado com o meio ambiente. Então, assim, a gente teve uma parceria uma vez com a empresa de água, Copasa, que eles fizeram... Tinha uma época que teve um negócio de preservação de minas, e nós temos três minas aqui na fazenda.


Então, nós fizemos essa parceria, nós plantamos mais de mil árvores em volta da mina pra manter. Então, a gente tinha um pequeno bosque ali. Mas, com relação ao café, a gente não fazia nada, não. Era bem no tradicional mesmo, no químico mesmo.


A princípio, o consórcio veio para... Veio tirando o... Limpando em volta do café, plantando árvores onde não tinha. Então, assim, eles olhavam onde que estava... Bem, assim, as áreas brancas, pelo drone, onde que precisava de árvores.Onde precisava, foram replantadas. Então, nós plantamos bastante árvores, foi mais de mil mudas que eles plantaram. E depois, vieram com a ideia da entrelinha, que é esse mix que a gente planta pra manter o solo.


Primeiro, a manutenção do solo. Porque isso é muito importante. Porque quando a chuva vem, ela lava tudo. Então, é basicamente isso. Manutenção do solo. E como vem, vai crescer aqui, plantas que têm flores, então, ele pode também ser hospedeiro dos predadores naturais.Então, isso pode ajudar a gente a cuidar da broca, do bicho mineiro, porque tem predador natural. Então, come lá o bichinho da broca, ele não vai pro café, ele vai ficar na florzinha. Se ele tem flor, ele não vai querer usar a flor do café.



Locutora Notícias Agrícola:


Podemos ver ainda que o mix, nesta fazenda, foi plantado em um momento diferente do que se é habituado, mas que também pode trazer benefícios e minimizar os impactos climáticos.



Marcelo Urtado | Produtor de Café e Presidente do Consórcio Cerrado das Águas:


Tem resultados também. Você tem que adaptar a isso.Mas ela já, principalmente por ser sequeiro, ela vai dar uma boa condição agora. Normalmente, as plantas de cobertura são feitas no verão, ou primavera, verão, logo nas chuvas após a florada. E, normalmente, nessa época do ano, quando a gente entra para o outono, a maioria das fazendas começam a preparar o solo para a colheita.


O que eles fazem? Vão tirando as plantas de cobertura e deixando o solo limpo. E aqui, e o que a gente defende, já é um manejo de você deixar esse solo com plantas de cobertura. E aqui foi feito um plantio, faz 15 dias. Então, quando estão, a maioria, tirando as plantas, eles estão colocando a planta de cobertura.


Vai deixar o solo coberto, vai diminuir a evapotranspiração, ou seja, vai perder menos água, deixar o solo mais úmido. E aqui é uma lavoura de sequeiro. Então, ela vai manter uma condição de umidade melhor para a lavoura, até o momento da colheita.


No verão, você já tem algumas espécies e vai chegando para o inverno, por causa de temperatura, o comprimento do dia, as plantas vão mudando. E também, adaptar para cada região. Se você tem uma região, uma área que você consegue irrigar a sua planta de cobertura, você pode fazer uma estratégia. Numa área de sequeiro, você já pode escolher outras plantas. Então, depende de onde você está, qual época do ano, e aí você determina as plantas que você vai utilizar.


E também, o objetivo do produtor, o objetivo do que você precisa para o seu solo. Por exemplo, você tem um solo com muito potássio em profundidade, e você quer trazer esse potássio disponível para as plantas. Você pode usar mais mineto no seu mix de plantas de cobertura, porque ele cicla esses nutrientes. Se você precisa de uma pote maior de nitrogênio, você pode usar mais leguminosas nesse seu mix de cobertura.


Então, você tem que entender, o que o meu solo está pedindo minha planta. E dependendo da época do ano, você vai modulando esse seu mix. Sim, principalmente na parte de fertilidade, (você vai construindo esse solo.


Não é no primeiro, no segundo, no terceiro ano que você vai ter a redução de custo. Nós levamos cinco anos para isso, mas ela interfere. Você vai construindo essa fertilidade do solo até interferir. Temos tido resultados muito bons na bebida do café. Não tem um trabalho científico para provar, mas a cada ano a bebida está melhor. E a gente acredita muito que é por causa do manejo como um todo. Afinal, nós somos o que comemos.


Tem resultados que a gente já vê desde o início, mas é um processo longo e contínuo. E que você vai transformando a propriedade e fica para a vida toda. Então, isso é bem importante.



Locutora Notícias Agrícola:


Nossa última parada foi na Fazenda Silva Amélia. Na área, o produtor Eduardo Lana, além de fazer o plantio de árvores nativas, o plantio de mix de semente nas entrelinhas, é também responsável pela nascente que corresponde por pelo menos 50% de abastecimento da área urbana na região.



Eduardo Lana | Produtor de café:


Bem, essa propriedade aqui foi adquirida há quase 40 anos e a gente sempre preocupou com o mínimo possível. O que eu falo de mínimo são reservas legais, áreas de preservação permanente.


Aqui onde eu estou nesse momento falando, a gente tinha uma área de 10 hectares de café e a gente viu que a cidade foi crescendo para o entorno da fazenda. Então, a gente hoje tem aqui 3,5 hectares de café só. Foram plantados bosques no entorno desses cafezais. E com isso, ele acabou virando o que eu falo, que é uma ilha. Ele ficou fechado.


E essa preocupação de fechar esse café, isolar com a população da cidade e não ter nenhum tipo de resíduos de deriva e defensivos, e principalmente em aumentar a área vegetal no entorno das nascentes, porque aqui, hoje, praticamente de 55% a 65% das águas que são coletadas pela companhia Copasa, que são distribuídas à população da cidade, nascem aqui dentro da propriedade.



Fabiana Sebaio | Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Águas:


O campo aliado da água, hoje a gente viu aqui um produtor que é responsável praticamente pelo abastecimento de uma cidade inteira e é isso, esse produtor que faz, ele já faz o campo, ele já tem todo um trabalho.


O consórcio vem simplesmente facilitar o desenvolvimento de algumas estratégias e apoiar esse produtor que às vezes já tem o desejo, mas não sabia como. Então, a nossa equipe está ali para buscar soluções, para ajudar, apoiar e facilitar todo esse processo.


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