O consórcio entre empresas e cafeicultores aposta em “econegócios” para driblar a oferta
Hoje, 24 de maio, é dia de celebrar um dos produtos agrícolas mais importantes para a economia: o café. Porém, a situação é crítica nas lavouras do Cerrado Mineiro, onde se produz 77% dos cafés de variedades arábicas do Brasil.
A atual safra, que é de ano negativo da bianualidade da cultura (o que naturalmente já reduz a produção, em média em 20%, entre um ano e outro), deve ser ainda menor por causa da estiagem que atingiu a região.
A Secretaria de Agricultura de Minas Gerais estima que, nesta temporada, a quebra na safra possa chegar a 40,7% em relação ao ano passado, diminuindo em 10 milhões de sacas o volume final de café, gerando um prejuízo de cerca de R$ 8 bilhões. O cafeeiro é uma planta que necessita de, pelo menos, 1500 milímetros a 2 mil milímetros por ano para se desenvolver bem. Em épocas de estiagem, a planta busca água no solo para compensar o déficit hídrico.
No ano passado, entre os meses de agosto e outubro, não choveu na região e a seca atingiu 55,9% dos municípios produtores, seguido de altas temperaturas, que também contribuíram para derrubar as floradas. Consórcio Cerrado das Águas – Para reduzir essa instabilidade provocada ano após ano pelas mudanças climáticas, o Consórcio Cerrado das Águas (CCA), com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês) e do Instituto de Educação do Brasil (IEB), consolidou uma plataforma colaborativa com o objetivo de restaurar áreas para preservar e conservar os remanescentes naturais do Cerrado Mineiro e assegurar a produção de água, que é uma das principais ferramentas disponíveis para mitigar os efeitos da variação climática na cultura, como a seca que castiga a produção em Minas Gerais. O CCA conta com a parceria de grandes empresas que atuam no setor como a Cofco INTL, Nespresso, Nescafé, Nestlé, Volcafé, Lavazza e as principais cooperativas de cafeicultores, como a Cooxupé, de Guaxupé (MG) e a Expocaccer, de Patrocínio (MG).
Para implantar o projeto, o CEPF aportou US$ 400 mil e recebeu uma contrapartida de R$ 800 mil dos parceiros no primeiro ano de atuação. Neste ano, houve outro aporte de R$ 800 mil e há previsões de novos aportes que podem alcançar R$ 3,4 milhões até o ano de 2023. O projeto (http://cerradodasaguas.org.br/) foi implantado inicialmente no município de Patrocínio, na bacia do Córrego Feio. Até 2023, a estratégia é expandir para outras regiões como Serra do Salitre, Monte Carmelo, Rio Paranaíba, Carmo do Paranaíba, Araguari e Coromandel. Juntas, essas cidades representam 70% da produção de café no Cerrado Mineiro.
“O fomento e a manutenção de paisagens sustentáveis nestas regiões podem alavancar os ganhos de serviços ecossistêmicos, preservando os recursos naturais, sobretudo os hídricos, que são essenciais ao desenvolvimento da cultura cafeeira” Coordenador da Estratégia de Implementação Regional do CEPF Cerrado, Michael Becker.
Uma das atividades do CCA é o Programa de Investimento do Produtor Consciente (PIPC) que, por meio de ações estratégicas, garante estrutura e provisão de serviços ecossistêmicos a produtores localizados nos arredores das bacias hidrográficas.
“Através deste programa, o cafeicultor também faz a sua parte para preservar os recursos naturais da propriedade para garantir a produção cafeeira mesmo em períodos críticos" complementa Becker
O PIPC, inaugurado em janeiro de 2020, também em Patrocínio, conta com consultoria especializada e baseada em metodologias sustentáveis para os moradores locais do Triângulo Mineiro, conforme explica a bióloga Fabiane Sebaio Almeida, secretária-executiva do Consórcio Cerrado das águas.
As metodologias, segundo ela, envolvem desde o diagnóstico das áreas, passando pela agricultura inteligente baseada no clima à gestão eficiente dos recursos hídricos. O objetivo é que o gerenciamento assegure o abastecimento da produção de café, mesmo em momentos de escassez. As orientações feitas pela equipe do PIPC são pensadas sob a ótica da segurança e estabilidade ecossistêmica, prezando pela singularidade e necessidade de determinada propriedade. Assim, eles planejam o manejo adequado para controlar o fogo, enriquecer vegetações nativas e recuperar solos degradados, por exemplo. Sobre o CEPF e IEB – Um dos grandes responsáveis na conservação do Cerrado é o Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (Critical Ecosystem Partnership Fund). O CEPF, que existe há 21 anos, realiza ações globais para minimizar novas devastações, restaurar terras degradadas para a recriação da conectividade ecológica na paisagem e ampliar a rede de áreas protegidas.
No Brasil, o CEPF atua com o apoio do IEB, instituição brasileira selecionada para atuar como Equipe de Implementação Regional da estratégia do CEPF no Cerrado. Esta é a lista das organizações que fazem parte da rede: http://cepfcerrado.iieb.org.br/lista-projetos/ Atualmente, em todo o mundo, o CEPF apoia cerca de dez hotspots, e financiou, ao longo de sua trajetória, mais de 2.600 projetos. A atuação do CEPF conta com o apoio da Agência Francesa para o Desenvolvimento, a Conservação Internacional, a União Europeia, o Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), o Governo do Japão e o Banco Mundial. Serviço Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) Facebook: www.facebook.com/iieboficial Instagram: @iieboficial http://cepfcerrado.iieb.org.br/ https://iieb.org.br/ Consórcio Cerrado das Águas http://cerradodasaguas.org.br/ Informações para a Imprensa: Mariana Cordeiro – (61) 992570694 / mariana.cordeiro@agenciafr.com.br
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